"Lembro de Chico, da nossa luta, hoje esta cooperativa é tudo que nós lutamos para ter", disse emocionado, o presidente Manoel José
Na manhã desta sexta-feira (10), membros da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) participaram do “1º Seminário dos Extrativistas da Cooperacre”, que ocorreu no Salão Paroquial as Igreja de São Sebastião, em Xapuri. Para abrir o evento, que contou com a presença de vários sindicatos dos municípios acreanos, a Cooperacre ofereceu um farto café da manhã aos participantes.
Estiveram presentes representantes da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), Secretaria de Meio Ambiente do Acre (Sema) e Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Banco da Amazônia (Basa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), além da Prefeitura de Xapuri, deputados, vereadores e o senador Jorge Viana. “Faz muito tempo que eu não vejo um grupo desses reunido como aqui, quem tá aqui é gente que trabalha em uma organização para poder ter emprego e ter uma economia”, disse Jorge Viana.
“É um dever nosso promover eventos assim, precisamos ficar unidos, nós estando juntos é vamos colocar o Brasil pra frente, a nossa luta continua”, declarou o presidente da Cooperacre Manoel José. Foram tratados temas a respeito do uso do Latex, seu ciclo de vida, benefício de subvenção estadual, política de preços para os produtos oriundos do extrativismo, infraestrutura de ramais e projetos nos quais puderam entender melhor cada ponto e tirar duvidas com os representantes dos órgãos e entidades.
Após o seminário foi oferecido um almoço aos participantes que no período da tarde participaram da solenidade de inauguração da Casa do Extrativista de Xapuri, que ficará em frente à casa onde Chico Mendes foi assassinado, em um terreno que pertencia à sua viúva.
Casa do Extrativista
A Casa do Extrativista foi inaugurada no início da tarde desta sexta-feira (10) reunindo representantes da Cooperacre, associados e autoridades. Lideranças antigas também estiveram presentes para o momento histórico para a Cooperativa.
Foi em Xapuri que a história do extrativismo teve início no Acre. A sua história chega a se confundir com a história de Chico Mendes, líder dos seringueiros morto em 1988. Chico lutava em defesa do ideal de preservação da floresta Amazônica e do direito dos demais seringueiros.
“Esta é a primeira vez em muitos anos que vou falar do Chico, eu sempre me emocionei e me emociono em falar dele, eu hoje estou idoso já, mas lembro de Chico, da nossa luta, hoje esta cooperativa é tudo que nós lutamos para ter. A Cooperacre é uma central de cooperativa que segue trabalhando há 15 anos no Acre, resultado de uma luta que começou com ele”, disse emocionado o presidente Manuel José.
Durante a solenidade, Chico foi lembrado e homenageado pela luta que travou em favor dos seringueiros. “Nós temos que honrar o nome de Chico Mendes, que lutou pelo que temos hoje, morreu pelos nossos ideais e foi o percussor do que construímos hoje, Chico foi um dos maiores extrativista que tivemos”, afirmou Raimundão, uma das figuras lendárias do extrativismo que lutou ao lado de Chico Mendes.
O Secretário de Meio Ambiente do Acre, Edgard de Deus, também lembrou do líder seringueiro ao falar da história do extrativismo no Acre: “Temos que valorizar a história de cada um dos extrativistas e seringueiros, pois precisamos trabalhar o futuro das áreas extrativistas. A Cooperacre é um dos principais produtos da luta de Chico Mendes e nós temos a obrigação de apoiar”.
No evento, lideranças antigas e de grande representatividade para a classe foram homenageadas. A nova Casa dos Extrativistas é a sexta filial da Cooperacre no Estado, em um espaço amplo conta com uma lojinha para venda de produtos fabricados pela associados, ambiente climatizado, auditório, área de convivência e lanchonete.
Cooperacre
A Cooperacre é uma cooperativa de comércio e indústria de produtos florestais que hoje agrega outras 32 associações e cooperativas dedicadas a atividades extrativistas como coleta da castanha, extração da borracha e do óleo de copaíba, que eles também vendem para as indústrias.
Sua fábrica gera 199 empregos diretos na produção, mais 13 na comercialização e beneficia quase duas mil famílias ligadas às 32 associações e cooperativas com as quais trabalham em rede. Isso tudo com o objetivo de trabalhar pelo desenvolvimento econômico de atividades agroflorestais sustentáveis dos pontos de vista ambiental, econômico e socialmente justo.